Trying to get Clear Idea

Visões: Textos de Sri Aurobindo e da Mãe

   As visões são compostas de símbolos que não têm necessariamente aceitação universal. Os símbolos variam de acordo com a raça, a tradição e a religião.

               Há uma idéia corrente de que visões são um sinal de elevada espiritualidade. Isto é verdade?

   Não necessariamente. Além do mais, ver é uma coisa, mas compreender e interpretar o que é visto é algo totalmente diferente e muito mais difícil. Geralmente aqueles que vêem são enganados porque eles dão o significado ou interpretação que querem dar, de acordo com seus desejos, esperanças e inclinações. E além disso, também existem muitos planos diferentes nos quais você pode ver. Há uma visão mental, uma visão vital, e há certas visões que são tidas num plano muito próximo do mais material. As visões que pertencem à última categoria apresentam-se em formas e símbolos que parecem absolutamente materiais, de tão claras, reais e tangíveis que são. E se você souber como interpretá-las, poderá obter indicações muito exatas das circunstâncias e da condição interior das pessoas.


Mãe

   Há (visões) de todas as espécies nas experiências de cada plano: formas simbólicas, imagens de sugestão, imagens de pensamentos, formações do desejo ou formações da vontade, construções de todos os tipos, coisas reais e permanentes no plano ao qual elas pertencem e coisas imaginárias e enganadoras.

   A princípio, quando a pessoa começa a ver, é muito comum que as imagens mal definidas e imprecisas durem mais tempo, ao passo que aquelas que são bem sucedidas, completas, precisas nos detalhes e nos contornos, tendam a ser muito passageiras e desaparecer num instante. Só quando a visão sutil está bem desenvolvida, que aquilo que se vê dura por um longo tempo.

   Normalmente, não é o objeto que desaparece; é a consciência que muda.... Essa visão físico-sutil surge mais facilmente no momento entre o sono ligeiro e a vigília.

   Quando as cores começam a tomar formas definidas nas visões, é sinal de algum trabalho dinâmico de formação na consciência; um quadrado, por exemplo, significa que alguma espécie de criação está em processo em algum campo do ser; o quadrado indica que a criação deve ser completa em si mesma, enquanto o retângulo indica algo parcial e preliminar. As ondas de cor significam uma precipitação dinâmica de forças, e a estrela em tal contexto indica a promessa do novo ser que está para ser formado.

   Depende da natureza da visão simbólica: se é meramente representativa, apresentando à visão e à natureza internas (mesmo que a mente externa não compreenda, a interna pode receber o seu efeito) a coisa simbolizada em sua imagem ou se é dinâmica.
O símbolo do Sol, por exemplo, geralmente é dinâmico. Além disso, entre os símbolos dinâmicos alguns podem trazer simplesmente a influência da coisa simbolizada, alguns indicam o que está sendo feito, mas não está ainda terminado, alguns são uma experiência formativa que visita a consciência, outros uma profecia de algo que pode acontecer ou acontecerá com certeza ou está perto de ocorrer.

   Ao interpretar esses fenômenos você deve se lembrar que tudo depende da ordem das coisas que as cores indicam em qualquer caso em particular. Há uma ordem de significados na qual elas indicam vários mecanismos psicológicos, ou seja, fé, amor, proteção, etc. Há outra ordem de significados na qual elas indicam a aura ou a atividade de seres divinos, Krishna, Mahakali, Radha ou outros seres sobre-humanos; há outra na qual elas indicam a aura ao redor dos objetos ou das pessoas vivas – e isto não encerra a lista de possibilidades. Um certo conhecimento, experiência e uma crescente intuição são necessários para perceber em cada caso o verdadeiro significado. Observação e uma descrição exata são também muito necessárias....

      A cor azul deve ser aqui a luz de Krishna, assim é uma criação sob a influência da consciência de  Krishna. Tudo isto são símbolos do que está se passando no ser interno, na consciência que está por trás, e os resultados emergem de tempos em tempos na consciência externa ou superficial, através de tais sentimentos como a percepção de uma espécie de suavidade e abertura... devoção, alegria, paz, Ananda, etc. Quando a abertura for completa, é provável que haja uma consciência mais direta do trabalho que está se processando por trás, até que ele não esteja mais por trás, mas na parte frontal da natureza.

   A luz, as cores e as flores são sempre vistas quando há uma atividade de forças no interior em certo estágio da sadhana. A luz naturalmente indica uma iluminação da consciência; a cor, um jogo de forças mental (amarelo), físico e vital, mas são forças atuando para a iluminação dessas partes do ser.
As flores geralmente indicam uma atividade psíquica.

   A luz freqüentemente é vista diante do centro da visão, da mente e da vontade interiores, o qual está na fronte, entre as sobrancelhas.

   A luz do lado de fora significa um toque ou influência da força indicada pela luz (o dourado é a luz da Verdade, o azul indica alguma força espiritual do plano superior), enquanto a luz no interior significa que ela penetrou ou se acha estabelecida ou freqüentemente ativa na própria natureza. A luz no alto significa uma força descendo sobre a mente, a luz ao redor uma influência geral que nos envolve.
Um brilho intenso significa uma luz reduzida mas rica, ou então uma espécie de ardorosa alegria de um tipo luminoso.

   O som de sinos e a visão de luzes e cores são sinais da abertura da consciência interior, que traz consigo uma abertura também para as visões e sons de outros planos além do físico.

   O que a pessoa vê ou ouve dos outros planos depende do desenvolvimento dos sentidos interiores....
Depende da natureza dos sons. Alguns têm relação (com a sadhana), outros são simplesmente os sons dos outros planos.
Eles (os sons sutis relacionados com a sadhana) são os sinais de um trabalho em andamento para preparar algo – mas, como isto é uma coisa geral, não se pode dizer baseado nos próprios sons que preparação é esta.

   Os deuses no plano sobremental não têm muitas cabeças e braços – isto é um simbolismo vital, não é necessário em outros planos. Essa figura pode pertencer ao plano físico sutil.

   As imagens de muitas cabeças ou de muitos braços pertencem normalmente ao plano vital....

   O mundo que você vê se encontra em algum plano físico sutil, no qual os homens vêem os deuses de acordo com sua própria concepção e imagem deles.

   É o plano vital – provavelmente o vital físico. É principalmente ali que os seres do mundo vital aparecem com cabeças ou aspecto de animais. Uma forma humana com cara de cachorro significa uma energia sexual muito grosseira e material.

   Realidades infinitas que não podem ser limitadas por essas formas simbólicas, embora possam até certo ponto ser expressas por estas; elas poderiam ser expressas igualmente por outros símbolos, e o mesmo símbolo pode também expressar muitas idéias diferentes.

   O símbolo é a forma que num determinado plano representa uma verdade pertencente a outro plano. Por exemplo, uma bandeira é o símbolo de uma nação... Mas geralmente todas as formas são símbolos. Este nosso corpo é um símbolo de nosso ser real, e tudo se constitui um símbolo de alguma realidade mais alta. Existem diferentes espécies de símbolos:
1) Os Símbolos Convencionais, tais como aqueles que os Rishis Védicos formaram com os objetos tomados ao seu meio ambiente. A vaca representava a luz, porque a palavra "go" significava ao mesmo tempo raio de luz e vaca, e por ser a vaca sua mais preciosa posse, aquela que lhes mantinha a vida e estava sob o constante risco de ser roubada e escondida. Mas, uma vez criado, tal símbolo se torna vivo. Os Rishis vitalizaram-no e ele tornou-se parte da sua realização. Ele aparecia em suas visões como imagem da luz espiritual. O cavalo também foi um de seus símbolos favoritos, e mais facilmente adaptável, visto que sua força e sua energia eram bastante evidentes.
2) Os Símbolos da Vida, tais como os que não são artificialmente escolhidos ou mentalmente interpretados de modo deliberadamente consciente, mas derivam naturalmente de nossa vida cotidiana e originam-se do meio ambiente que condiciona o curso normal de nossa existência. Para os antigos a montanha era símbolo do caminho do yoga, nível após nível, cume após cume. Uma jornada envolvendo a travessia de rios e o enfrentamento de inimigos emboscados, tanto animais como humanos, sugeria uma idéia semelhante. Hoje em dia, ouso dizer, compararíamos o yoga a uma viagem de carro ou de trem.
3) Os Símbolos que possuem por si mesmos adequação e poder inerentes. O akasha, ou espaço etérico, é símbolo do Brahman infinito, onipresente e eterno. Em qualquer nacionalidade ele teria o mesmo significado. Da mesma forma, o Sol representa universalmente a Luz Supramental, a Gnose divina.
4) Os Símbolos mentais, dos quais são exemplos os números, os alfabetos. Uma vez aceitos, eles se tornam ativos e podem ser úteis. Desse modo, figuras geométricas têm sido interpretadas de várias formas. Em minha experiência, o quadrado simboliza a Supramente... Existem também diferentes explicações do triângulo. Numa posição, ele pode simbolizar os três planos inferiores, em outra é o símbolo dos três superiores: assim, os dois podem ser combinados num único símbolo.


Sri Aurobindo


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