Champaklal

VISÕES  DE  CHAMPAKLAL

SONHOS E VISÕES  DE  CHAMPAKLAL

Com as interpretações de Sri Aurobindo  

SONHOS ESTRANHOS

1929

         Já faz um bom tempo que eu tenho tido estranhos sonhos à noite. Eu me esqueço do caminho, encontro muitos obstáculos; mas, ultimamente tenho encontrado meu caminho pela Graça da Mãe e também sinto Sua Proteção. Antigamente, eu nunca tinha esse tipo de sonhos. Eu avançava livremente. Por que estou tendo tais sonhos atualmente?

   Há muito tempo atrás você tinha sonhos também no plano vital, nos quais atravessava perigosas florestas e desertos, em meio a regiões de terra, água e animais selvagens, etc., mas, sob a proteção da Mãe, você chegava a salvo onde tinha que chegar. Lembro-me que você chegou a escrever alguns para mim. Houveram também sonhos com passagens difíceis, que terminaram na chegada ao caminho verdadeiro e aberto. Estes sonhos que você está tendo agora só indicam a dificuldade da passagem através da consciência física (e não mais através do vital); porém, o elemento comum é que você está sob a proteção da Mãe e alcança o caminho no fim.
Isto é perfeitamente natural, porque o que todos estão atravessando agora são as dificuldades da natureza física e subconsciente; mas a proteção da Mãe aqui é a mesma que havia nos estágios passados da sadhana.

      Sri Aurobindo

*    *    *

O MAR CALMO

            Num mar calmo, eu vi  fogo no horizonte, e as chamas pouco a pouco alcançavam o céu.

   O mar calmo é o vital sereno, as chamas são a aspiração que ascende para a consciência superior a fim de trazê-la para baixo; estar no horizonte significa que este é o progresso rumo ao qual você deve se mover.

       Sri Aurobindo

UM SONHO DESAGRADÁVEL

            Anteontem, sonhei que tive uma briga com a Mãe e conseqüentemente a deixei, pois  perdera
           minha  fé  n’Ela. Isto me afligiu muito e fiquei deprimido.
           O que isto significa?

   Provavelmente é uma parte de seu ser que se revoltou no sonho; ela foi induzida pelas forças erradas.

      Sri Aurobindo

O LÓTUS AZUL

            Qual o significado deste lótus azul?

   Ele pode ser considerado como a encarnação (do Avatara) no plano mental.

      Sri Aurobindo

A PERDA DA CHAVE

            Eu estava levando uma grande chave para a porta da casa Mãe (na parte superior), chave esta que    
           me fora dada por Ela. De repente, a chave desapareceu de minhas mãos. Procurei muito por ela      
           para chegar lá, mas em vão. Em vista disso, fiquei em pânico e muito triste.
          Que significa isto?

   Ambos os sonhos são advertências para que você seja cuidadoso contra as sugestões hostis (o primeiro sonho) ou as interferências (o segundo sonho).

      Sri Aurobindo

SOBRE CHAMPAKLAL:

UM GUERREIRO NO PLANO VITAL

2-7-1932

   O sonho sobre Chandulal e os bandidos foi um acontecimento no plano vital ou então uma cena simbólica observada lá. No primeiro caso, os bandidos são seres vitais atacando o trabalho; no segundo, forças hostis, sugestões, etc. A única coisa clara nele é que Champaklal é um guerreiro alerta e efetivo no plano vital.

      Sri Aurobindo

AS VISÕES SÃO ÚTEIS NA SADHANA?

5-11-1932
  

Às vezes, enquanto trabalho, preparo suco ou caminho, vejo diferentes tipos de cenas (visões) com os olhos abertos. Algumas delas são claras, outras não. Umas são pertinentes e significativas, ao passo que outras são totalmente sem sentido e irrelevantes. De algumas eu me lembro, de outras me esqueço imediatamente. Por vezes, elas se desenrolam como um filme, mas a maioria delas é esquecida ou possui também uma aparência indistinta.
   Bonitos jardins, pomares, rios, montanhas, cidades, florestas, pássaros, belos cenários e diferentes tipos de ídolos são vistos.
   Hoje, às 14:30, no quarto de Satyen, depois de ler as preces, eu estava sentado numa cadeira. Tão logo meus olhos se fecharam, vi no quarto, perto de sua cadeira, um grande tonel (barril) cheio de água. Eu perguntei a Satyen: “Satyen, já que este tonel é enchido por você, você deve conhecer sua capacidade quanto ao número de vasos de água.” Logo depois, meus olhos se abriram. Isto pode significar alguma coisa? O que significa?
   As visões são, de alguma forma, úteis na sadhana? E, se são, de que modo?
   O meu sonho anterior sobre uma viagem, tem algum significado?

   As coisas vistas, em particular, podem não ter nenhuma importância, mas o poder da visão é importante e pode ser de grande ajuda no Yoga. Ele o capacita a ver coisas pertencentes a outros planos (além do físico) e a obter um conhecimento que é útil para a sadhana; e também a estabelecer um contato concreto com a Mãe naqueles planos (os mundos mental, vital e psíquico), etc.        
Eu lhe falarei a respeito de seu longo sonho mais tarde.

      Sri Aurobindo

*    *    *

A CHAVE COM A LUZ
15-11-1932

            Vi uma grande e comprida chave, acima da qual havia a palavra MOTHER em cor branca. Ela 
            estava rodeada de luz. Há algum significado nisto?

  “Foi uma chave o que você viu?  Se foi, o significado é claro: é a chave para a realização do Divino; a Mãe é a chave, porque é a sua luz (cuja cor é branca) que nos capacita a abrir o portal da realização.”

      Sri Aurobindo

 

 

UM ATAQUE NO PLANO VITAL

22-11-1932

   Em geral, essas coisas não são profecias do futuro; foi um ataque no plano vital, que você foi forte o bastante para repelir.

                                                                                                                                                      Sri Aurobindo

O LÓTUS COM UM COCO

5-8-1933

            Vi um lindo lótus, em cujo interior havia  um coco. O lótus não estava inteiramente aberto, mas, 
            uma após  outra, as pétalas estavam se abrindo.

   É a Consciência se abrindo, com a oferenda ao Divino dentro dela.

       Sri Aurobindo
*    *    *

O FOGO DA ASPIRAÇÃO
18-11-1933

            Há cerca de 20 dias, vi chamas emergindo de um lótus. No momento,  pensei que fosse apenas 
            minha imaginação. Hoje vi algo semelhante na capa do livro “A Mãe”. Tentei desenhar o que vi. 
           Isto tem algum significado?*  

  “Deve ser o fogo da aspiração elevando-se da consciência aberta para o Sol da Verdade, o qual está rodeado de todas as suas cores (forças)”.    

      Sri Aurobindo   

   (*Nota: Visão representada na capa do livro)

*    *    *

SOBRE CHAMPAKLAL: CHAMPAKLAL COMO UM SOLDADO

12-1-1934

            Mãe, vi num sonho que Champaklal vestia um uniforme de soldado e tinha também uma arma na mão.
     Qual o significado disso, Mãe?

   Champaklal como um soldado significa que ele é um guerreiro no campo vital contra as forças hostis.

     Sri Aurobindo

O SOL DA VERDADE

7-2-1934

            Não pude desenhar exatamente o que vi na visão. Este desenho significa alguma coisa?

   Parece ser o fogo da aspiração voltada para a Verdade (o Sol), sustentada pela Presença Divina e elevando a natureza para o Sol visível da Verdade.

      Sri Aurobindo

UMA CRIANCINHA COM UM CÂNTARO


21-4-1934

   Esta manhã, no momento do pranam, vi diante de mim uma criança muito pequena com o rosto radiante de alegria e felicidade; ela carregava aos ombros um cântaro cheio de água que me pareceu muito pesado para uma criancinha. Ela ofereceu-me a água do cântaro, dizendo: "Tome esta água, a Mãe o encherá novamente". Tomei a água que me oferecia e vi, para minha surpresa, que o cântaro tornava a encher-se; era impossível saber como isso acontecia;  parecia mágica. Quando a criancinha me disse que a Mãe tornaria a enchê-lo, fiquei muito impressionado com a simplicidade de sua fé, e por ser ela consciente da Mãe, pequenina como era. Gostaria que a Mãe me dissesse o significado disto.

  “Era o seu ser psíquico.”


Sri Aurobindo 

O SOL E A FLOR

25-8-1934

   De manhã bem cedo tive uma visão. Tentei representar o que vi na gravura. Há algum significado nisto? Ou é minha própria construção mental?    (Gravura entre as págs. 54 e 55 do livro)

  “O sol, naturalmente, é a Verdade, e a construção é a consciência material que se tornou capaz de receber a luz. As flores indicam nossa presença na consciência material.”
Sri Aurobindo

ATRAVESSANDO A OFICINA

16-3-1935

   No dia 15 desse mês (à noite), sonhei o seguinte:
   Havia um lugar imenso no qual um monte de pessoas estavam trabalhando. A estrada que conduzia a meu destino era muito longa, mas havia um atalho através da oficina. Por esta razão, pedi ao dono da oficina que me desse permissão para atravessá-la. Ele me disse que não havia absolutamente nenhum espaço no interior, porque uma grande quantidade de pessoas estava trabalhando e a passagem estava cheia de sacos de juta, etc. Pareceu-me ser apenas uma desculpa para não me deixar entrar. Por fim, em atenção a meus persistentes esforços, e a despeito de muita relutância, ele permitiu que eu entrasse. Ele enviou-me um homem para que me acompanhasse e me mostrasse o caminho. Depois de uma longa caminhada dentro da oficina, chegamos ao seu fim, onde havia uma saída secreta. Diante de nós havia algo que se assemelhava a uma parede e parecia bloquear a estrada. Todavia, para minha completa surpresa, uma estrada podia ser vista, atravessando duas ou três paredes, uma após outra. Nesse instante, do outro lado, vi uma mulher se aproximando de nós, a qual surpreendeu-me pelo modo como pudera entrar, quando não podíamos nem mesmo ver a estrada. Tão logo a viu, o homem que me acompanhava escondeu-se. Tive a impressão de que ele queria prendê-la, portanto expliquei isto a ela através de sinais, de maneira que ele não pudesse notar. Assim, a mulher subiu numa árvore e começou a quebrar alguma coisa, o que desagradou aquele homem que, por esse motivo, pediu-me que voltasse. Roguei-lhe que me deixasse seguir adiante, com o que ele concordou, pedindo-me que fosse com ele. Conduziu-me ao longo de uma passagem secreta através de algumas paredes e pediu-me que ficasse sentado nesse local. Tive a impressão de que este era o seu último caminho secreto, de modo que ele não queria mostrar-mo, assim eu permaneci sentado ali. Achei que aquela era a última parede, pois eu podia ouvir o ruído das pessoas do outro lado dela e também o movimento na estrada. Fiquei sentado lá por algum tempo e, quando olhei para cima, vi um homem girando uma chave. O teto, que era imenso, separou-se em duas partes. Lentamente, o teto começou a tremer e o piso também parecia estar oco. Tive a impressão de que era algum arranjo mecânico. O que seria de mim se aquilo se rompesse? Este pensamento deixou-me até certo ponto em pânico. De repente, todo o telhado veio abaixo, envolvendo-me como uma cúpula mágica, não me deixando nenhuma saída. Eu estava preso em seu interior. Vi-me em grande dificuldade e terrivelmente amedrontado. Isto não durou senão um instante e, imediatamente, uma espécie de atitude desenvolveu-se em mim, a qual pode ser descrita com as seguintes palavras.
   Eu orei à Mãe e a Sri Aurobindo: “Se sou sincero e tenho fé em vós, que isto possa romper-se.” Subitamente, no curso de um instante e com grande ruído, um caminho se abriu para mim. E ao sair, vi-me rodeado de muitas pessoas que, ao ver-me, disseram: “Maravilhosa mudança! Maravilhosa mudança!”
   Parecia-me que todo o meu corpo havia passado por alguma transformação e se tornado semelhante ao de um Deus. Eu experimentava uma enorme tranqüilidade e Ananda. Embora estivesse muito calmo e sereno, eu me sentia arrebatado de alegria.
   O que tudo isto significa?

   A oficina provavelmente é um símbolo da atividade da natureza comum, a qual é tão cheia de formações e atividades do tipo corriqueiro, que é difícil atravessá-la para alcançar o ser interior ou o ser mais profundo.
As paredes com os espaços entre elas indicam as diferentes partes do ser, às quais a mente externa não tem nenhum acesso – provavelmente, o vital interior (a mulher pode ser a natureza vital oculta), o emocional interior, etc. O teto (amarelo) pode ser o intelecto ou a mente racional que empareda a pessoa em seu interior e impede que ela alcance os espaços abertos da Consciência superior. Mas existe um caminho através de tudo para o caminho aberto da Consciência mais elevada, cheia de paz, luz e Ananda.

      Sri Aurobindo

A CORDA DE LUZ


19-3-1935

   Eu devia seguir por um caminho extremamente longo e árduo. Atravessei uma série de intrincados desvios, que muito me confundiram. E apesar de todos os meus esforços, não conseguia encontrá-lo. Finalmente, olhei para cima e vi a Mãe a uma grande altura. De lá, ela lançou-me uma corda. Após um momento, percebi que aquilo não era uma corda, mas luz branca – era um caminho ascendente, luminoso e reto. Então, dei-me conta de que em lugar de esforçar-me de um lado para o outro, eu deveria ter olhado para cima, já que existe um caminho reto que segue diretamente para o alto.
   Eu escrevi este sonho ontem, mas ele ocorreu há algum tempo.
   Que significa isto?

  “É um símbolo da difícil busca que a pessoa empreende na mente, no vital e no físico, até que olhe para o alto, para a consciência superior, e siga o caminho de luz branca da Mãe; então, a estrada se torna reta e luminosa.”


Sri Aurobindo          

 

LUTA COM A FORÇA DE DESCONTENTAMENTO

22-6-1935

   Na parte superior de uma construção, a Mãe se achava sentada com alguns devotos (sadhakas) que foram escolhidos por ela e lhe eram muito íntimos. Eu também estava sentado ali. Todos se divertiam. A Mãe estava distribuindo coisas lindas para todos.
   Nesse meio tempo, Purani (Ambubhai) chegou. Ele não fora convidado, mas veio assim mesmo. Ele parecia muito triste, zangado e desapontado. Ele segurou-me pelos ombros e começou a ridicularizar-me. A Mãe não gostou daquilo. Após um instante, percebi que a Mãe não estava presente; depois de sua partida, Purani também se foi. Imediatamente, levantei-me de meu lugar e fui para um aposento vizinho. Nesse aposento, vi algo semelhante a uma plataforma sobre a qual a Mãe estava de pé. Lá, eu vi Purani, que estava prestes a atacar a Mãe. Tão logo vi isto, saltei sobre Purani, segurei-o e derrubei-o ao chão. Quando eu ia pegá-lo, ele tentou assustar-me mostrando algo parecido a uma faca. Corajosamente, segurei-o com firmeza e levei-o embora. Ele me havia ferido e eu começava a sangrar. Não me preocupei com isto. Eu estava feliz porque a vitória fora minha.
   Mesmo depois de acabado o sonho, a luta entre mim e Purani deixou um efeito sobre meu corpo.
   Isto significa alguma coisa?

   Não era o próprio Purani, mas uma força que tomou sua forma, uma força de inquietude, insatisfação e exteriorização da consciência interior.
Ela tentou tocá-lo e apoderar-se de você depois de entrar, apesar de indesejada, em sua íntima relação interior (e na dos outros) com a Mãe. Como a Mãe a desaprovava, ela tentou atacá-la, mas o seu ser interior (o psíquico, a mente interior, o vital interior) lançou-se sobre ela, retirou-a e continuou a lutar com ela de modo a expulsá-la. O efeito sobre o corpo significa apenas alguma dificuldade no ser externo causado pela força adversa durante a luta.


Sri Aurobindo

A CARRUAGEM PUXADA POR UM TIGRE

   O sonho foi muito longo. Vou escrever apenas uma pequena parte dele, por não me lembrar de todo o sonho.
   Eu viajara um longo tempo numa carruagem puxada por um tigre. De repente, o tigre tornou-se incontrolável. Eu estava sozinho na carruagem. Apesar de todos os esforços do condutor, o tigre não podia ser controlado. Súbito, a carruagem parou num imenso jardim. De imediato, subi no ramo de uma árvore acima da carruagem. O tigre continuava incontrolável pelo condutor, até que finalmente este cortou as rédeas e libertou o animal, que então começou a andar livremente ao redor. Ele se pôs a subir na mesma árvore onde eu estava sentado. Assim que ele subiu, agarrei-lhe firmemente a cabeça com as mãos e empurrei-o para trás com toda a minha força. O tigre então recuou e meus olhos se abriram. Mesmo depois de acordado, seu efeito ainda se fazia sentir em meu corpo.
   Isto tem algum significado?

   O tigre significa impulsos violentos. A carruagem provavelmente indica alguma parte do vital que está sujeita a tais impulsos. Subir na árvore provavelmente significa elevar-se a um nível superior de consciência, do qual é mais fácil repelir o tigre.


Sri Aurobindo

UM ACIDENTE NO AÇUDE

 

20-4-1936

   Eu queria ir a essa casa às 10 horas e, como ainda faltavam 8 minutos, pus-me a descansar um pouco no terraço. Durante esse tempo, tive o seguinte sonho.
   Vi Dilip correndo e dirigindo-se para um açude. Ele mergulhou na água e queria fazer parecer que por acidente havia se afogado ali, mas na verdade ele o fazia de maneira intencional e premeditada. Na margem, ele deixara também de propósito um lenço e uma carta, mas estava tentando dar a impressão de que eles haviam caído ali por acaso.
   Mãe, gostaria de saber por que eu vi isto? Eu não tinha absolutamente nenhuma idéia em mim a respeito dele.



Evidentemente, é uma das formações feitas por uma Força hostil, que circula por aí tentando tocar as pessoas com pensamentos de suicídio. Por que isto se mostrou a você nesse momento em relação a D., não é claro – provavelmente, ela apenas passou por acaso. De qualquer modo, isso não tem nenhuma importância.


Sri Aurobindo

O SOL E A ESCURIDÃO

12-10-1936

   Uma experiência há poucos dias atrás.
   Depois de várias noites, quando por fim chegava o momento em que os raios do sol podiam me alcançar e me despertar, alguns espíritos malignos surgiam freqüentemente e carregavam-me para dentro de um lugar escuro como o breu. Finalmente, nesse lugar, a luz do sol de repente alcançou-me e eu despertei. Os demônios não podiam entrar nesse local. Todo o meu corpo estava cheio de Ananda.

   É o combate das duas consciências – as forças do erro puxam-no para os níveis obscuros, mas o toque do sol da Verdade intervém com sua luz e o eleva para um lugar onde elas não podem entrar.


Sri Aurobindo

A FÉ E A ATRAÇÃO INFERIOR

12-10-1936

   Havia água em toda a volta – era difícil dizer se era um rio, um lago ou um mar. Vi um homem caído num local onde não era possível nadar. Ele não estava em condições de sair dali. Tive de seguir a mesma rota. Vendo a má situação daquele homem, eu não estava certo sobre como poderia proceder. Com grande esforço, puxei o homem para fora e achei que havia salvo sua vida. Perguntei-lhe: “Por que não pediu nenhuma ajuda? Você não teria se afogado caso eu não o tivesse tirado de lá?” Ele respondeu: “Eu tenho plena fé em Deus – se Ele quiser me salvar, certamente o fará.” Ele disse isso com uma fé tão ardente que mesmo um ateu seria obrigado a crer.
   Depois disso, encontrei uma nova rota e segui por ela. Eu tinha que escalar uma montanha. Não sei o que aconteceu com as pessoas que estavam comigo. Pus-me a escalar a montanha, que parecia muito alta. Finalmente, alcancei um local situado a grande altitude, além do qual eu não podia ir, pois não havia nenhum caminho. Diante de mim, e também dos lados, havia um vale profundo. Minha impressão era de que tinha alcançado o céu. Havia alguém atrás de mim que me lembrava meu irmão mais velho (Sunderlal). Ele agarrou-me e deixou uma de suas pernas pender sobre o vale. Eu achava muito difícil equilibrar-me, pois não havia nada diante de mim onde pudesse apoiar-me. Disse-lhe que dessa maneira nós dois cairíamos no vale. Ele permaneceu inflexível. Supliquei-lhe que me deixasse. Quando acordei, senti que realmente eu fora salvo da morte.
   Isto tem algum significado?    

   A primeira parte do sonho é uma experiência do plano mental-vital e indica o poder salvador de uma fé absoluta. O outro mostra a ascensão para os níveis mais elevados da consciência da terra, mas existe ainda algo do velho eu e da antiga natureza se elevando e tentando puxá-lo para baixo; isto se recusa a deixá-lo, mas por fim isso deve retirar-se e o ser pode ascender, sem nenhuma atração inferior ou medo de cair, para os céus da consciência superior no alto.
Sri Aurobindo

*    *    *

(Gravura que se acha entre as páginas 64 e 65 do livro)

Um esboço após ter tido a visão:

“A Visão teve um maravilhoso efeito em todo o meu corpo.
OM, SHRIMA, M – todos estes símbolos, do modo como eu os via, pareciam reais, vivos. Como isto pode ser mostrado? Uma variedade de raios de luz de diversas cores irradiava-se de todos os seus lados. Eu não pude mostrar todas essas cores aqui. Este é um esboço grosseiro a partir do qual eu gostaria de fazer uma pintura mais ampla, mas isto não parece possível agora. É difícil também escrever sobre isto.”

          Champaklal


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