PRECES E MEDITAÇÕES

2 de novembro de 1912  

        Não obstante todo o meu ser estar teoricamente consagrado a Ti, Ó Mestre Sublime que és a vida, a luz e o amor de todas as coisas, ainda me é difícil aplicar esta consagração em detalhe. Foi preciso várias semanas para descobrir que a razão desta meditação escrita, sua legitimação, reside no fato de dirigi-la a Ti cotidianamente. Assim materializarei cada dia, um pouco da conversa que tenho tão freqüentemente Contigo; eu Te farei minha confissão o melhor que puder; não porque eu creia poder informar-Te de alguma coisa: Tu és todas as coisas; mas nossa maneira exterior e artificial de compreender e de ver é estranha a Ti, se se pode dizer assim; ela é oposta à Tua natureza. No entanto, ao voltar-me para Ti, ao banhar-me em Tua Luz no momento em que estou considerando estas coisas, pouco a pouco as verei mais semelhantes ao que elas são. Até o dia em que, tendo-me identificado Contigo, não terei mais nada a Te dizer porque eu serei Tu. É este objetivo que eu quero alcançar; é para esta vitória que tenderão cada vez mais todos os meus esforços. E aspiro ao dia em que não poderei mais dizer “eu”, porque serei Tu.

Quantas vezes por dia ainda ajo sem que meu ato Te seja consagrado; percebo isso imediatamente por causa de um mal-estar indefinível, que se traduz, em minha sensibilidade corporal, por um aperto no coração. Então olho objetivamente minha ação que me parece ridícula, infantil ou culpável; deploro-a, por um momento fico triste, até que mergulhando, perdendo-me em Ti com a confiança de uma criança, espero de Ti a inspiração e a força necessárias para reparar meu erro, em mim e em torno de mim, o que é a mesma coisa; porque agora percebo, de maneira constante e precisa, a unidade universal que determina uma interdependência absoluta de todas as ações.


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